PERGUNTA INDIGESTA: Parlamentares criticam fala de Bolsonaro sobre encher jornalista de porrada; indignação repercutiu nas redes sociais e na mídia

PERGUNTA INDIGESTA: Parlamentares criticam fala de Bolsonaro sobre encher jornalista de porrada; indignação repercutiu nas redes sociais e na mídia
 Redação A intimidação de Bolsonaro a um jornalista do O Globo. neste domingo (23), afirmando que gostaria de encher a boca dele de "porrada",  se deu após o presidente ser questionado sobre depósitos em cheque feitos pelo PM aposentado e ex-assessor Fabrício Queiroz e pela mulher dele, Márcia Aguiar, na conta bancária da primeira-dama Michelle Bolsonaro. A reação agressiva de Bolsonaro "incendiou” as redes sociais desde ontem, com postagens contra e a favor, e provocou críticas de parlamentares e partidos. Nos meios de Imprensa do País, a fala do presidente também foi questionada por jornalistas dos principais órgãos de comunicação social. Adversários do presidente postaram comentários do tipo “imaginem o que não teria acontecido se vários depósitos de pessoas ligadas a Lula tivessem aparecido na conta bancária de dona Marisa (esposa do petista, já falecida)”! Por outro lado, seguidores de Bolsonaro apoiaram a atitude dele, endossando a intenção de que o jornalista deveria ser esmurrado. A ameaça feita pelo presidente Jair Bolsonaro foi direcionada a um repórter do jornal O Globo. Questionado pelo jornalista sobre repasses de Fabrício Queiroz, ex-assessor de seu filho Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), à primeira-dama Michelle Bolsonaro, Bolsonaro respondeu: "Vontade de encher sua boca de porrada", suscitando críticas no meio político. O PSDB diz em nota que a fala do presidente "desrespeita a liberdade de imprensa" e "não condiz com o cargo". "O presidente volta a mostrar apreço por posturas agressivas e antidemocráticas", publicou o perfil oficial do partido no Twitter. O MDB, por sua vez, pediu respeito aos jornalistas. "O presidente da República precisa se retratar", diz a legenda. A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) chamou a fala de "inaceitável". Ela avaliou que o aumento da popularidade do presidente o encoraja a voltar a ativar sua base militante. "Bolsonaro bem comportado é uma ilusão... durou pouco", declarou Sâmia, hoje líder do PSOL na Câmara dos Deputados. A parlamentar diz que falas como a deste domingo, 23, "mostram a que o presidente veio". Para a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), parlamentar com um histórico de embates com o presidente, o ataque ao jornalista é "gravíssimo". "Na democracia, tal atitude não pode ser tolerada. Chega deste tensionamento diário. Fora Bolsonaro", publicou Maria do Rosário no Twitter. O também petista Alencar Braga (SP) chamou a atitude de "ira de mafioso". Entre os senadores, Humberto Costa (PT-PE) classificou o episódio como "absurdo". Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que Bolsonaro tem medo. "O medo de responder é tão grande que Bolsonaro quer silenciar quem o fiscaliza de toda forma... Ele vai dizer o mesmo à justiça?", questionou o parlamentar, no Twitter. Mídia Como era de se esperar, a resposta truculenta do presidente à indagação do jornalista de O Globo sobre a sequência de depósitos de Queiroz na conta bancária de Michele Bolsonaro, causou repulsa de jornalistas de todo o país. Um exemplo é o jornalista Chico Alves, colunista do Uol, que escreveu: "Bolsonaro agiu como chefe de gangue". "Bolsonaro é usuário contumaz de retórica violenta, seu comportamento é o contrário da boa política. Exibiu essa característica por mais de um ano, toda vez que parava para conversar com a imprensa no cercadinho do Alvorada. Hoje foi ao auge e comportou-se como líder de gangue", afirmou, em trecho de sua coluna neste domingo.