ATOS ANTIDEMOCRÁTICOS: Sem reivindicação econômica, bloqueios de rodovias são de raiva político-ideológica pelo resultado das eleições, e impedem o direito de “ir e vir” das pessoas

ATOS ANTIDEMOCRÁTICOS: Sem reivindicação econômica, bloqueios de rodovias são de raiva político-ideológica pelo resultado das eleições, e impedem o direito de “ir e vir” das pessoas
PRF monitora bloqueios e tenta controlar ingestão de bebidas alcoólicas pelos manifestantes *Redação Por Mário Marques de Almeida Com manifestações radicalizadas em vários pontos dos 16 bloqueios constatados em Mato Grosso, onde até o tráfego de produtos perecíveis é impedido de serem transportados, além de passageiros que são tolhidos em seu direito de “ir e vir” (um preceito constitucional), atrasando seus compromissos e deslocamentos, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) vem monitorando a interrupção do tráfego nas rodovias federais que cruzam o Estado. Além de Mato Grosso, considerado um dos epicentros do movimento, a paralisação dos caminhoneiros se estende por mais 18 Estados e o Distrito Federal. Até por volta de 16h desta segunda-feira (31), eram 221 pontos de protestos nos seguintes estados: Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Tocantins, Amazonas, Acre, Roraima e Maranhão. No Distrito Federal, manifestantes interditaram um trecho da BR-251. Uma das preocupações da PRF é tentar controlar o uso de bebidas alcoólicas por parte de manifestantes a fim de evitar que isso possa contribuir para exaltar os ânimos. Chama a atenção e gera discórdia entre setores de transportadores de cargas menos radicais, além de prejudicar segmentos empresariais envolvidos na produção e comercialização de bens e mercadorias diversas, o fato que os protestos não tem caráter de cobrança e reivindicações por melhorias salariais e ganhos dos motoristas quanto ao trabalho que exercem e preços de fretes. A quase totalidade dos condutores de veículos de cargas que fecharam as estradas não conta com o aval de associações e sindicatos do setor, justamente por que estão dispersos e somente se unem por questões do resultado eleitoral adverso daquele que esperavam. Não há entre eles a defesa de interesses corporativos e profissionais - apenas motivação política e partidária. Assim mesmo difusa, alimentada por mágoas e frustrações de campanha. Os atos de bloqueio são motivados por questões políticas e ideológicas, especificamente por revolta e descontentamento com a derrota eleitoral do presidente Jair Bolsonaro (PL), que perdeu a eleição para o ex-presidente Lula, no pleito de domingo, quando ambos disputaram o segundo turno. Conforme o superintendente da PRF de Mato Grosso, Francisco de Lucena, explicou ao site g1 MT, um dos portais da Rede Globo, cada ato reúne cerca de 400 pessoas – ou seja, 6.400 manifestantes participam das interdições no Estado. Ao menos uma equipe da polícia acompanha cada um dos locais com manifestação. “As negociações têm sido conturbadas. Cada bloqueio tem várias lideranças e isso dificulta para estabelecermos um padrão de como agir”, disse à TV Centro América. Porém, ainda conforme Lucena, o diálogo tem sido pacífico. O superintendente afirma que já entrou em contato com o secretário Alexandre Bustamante dos Santos para solicitar apoio das forças estaduais e para que acione o Gabinete de Gestão Integrada (GGI) – um comitê de crise. A PRF informou que irá acionar a Justiça para conseguir a liberação das vias bloqueadas. “Estamos atentos também ao uso de álcool contínuo por parte dos manifestantes para que os ânimos não se alterem e que não sejam tomadas atitudes de risco que não agradem nem a nós, nem ao Brasil e nem ao mundo”, disse. A orientação da PRF às pessoas é que busquem informações por canais oficiais da corporação para saber onde os bloqueios estão mantidos. Concessionárias Até as 11h31 de segunda-feira (31), a Concessionária Rota Oeste acompanhava ao menos oito pontos de interdições na BR-163, BR-070 e na BR-364, no trecho administrado pela empresa. São eles:BR-163, km 835 (Sinop): ambos sentidos bloqueados - não é permitida a passagem de nenhum veículo. Nesse trecho, algumas pessoas desviam do bloqueio pela cidadeBR-163, km 691 (Lucas do Rio Verde): ambos sentidos - permitida a passagem de ônibus ambulâncias, veículo passeio que o passageiro tenha consulta marcadaBR-163, km 594 (Nova Mutum): sentido Sul - permitida a passagem de ônibus e ambulânciasBR-163, km 601 (Nova Mutum): sentido Norte - permitida a passagem de ambulânciasBR-070, km 524 (Várzea Grande): ambos sentidos - permitida a passagem de ambulância, veículos de passeio e perecíveisBR-163, km 746 (Sorriso): ambos sentidos - não é permitida a passagem de nenhum veículoBR-163, km 713 (Sorriso): ambos os sentidos - veículos desviam pela faixa de domínio nos dois sentidosBR-364, km 395 (Cuiabá): ambos sentidos - permitida a passagem de veículos de passeio, que transportem carga viva, perecíveis, ambulâncias e ônibus A concessionária informou que acompanha, sem interferência, as manifestações, com foco na segurança viária. As equipes operacionais sinalizam o final da fila para evitar acidentes. Já a Concessionária Morro da Mesa, responsável pela MT-130, informou que o km 82, entre Rondonópolis e Primavera do Leste está bloqueado nos dois sentidos. No começo da tarde desta segunda-feira, manifestantes começaram a colocar terra em um trecho da MT-246, no trecho em Barra do Bugres (veja o vídeo no começo desta reportagem). Um dos manifestantes que está no Trevo do Lagarto, em Várzea Grande, na região metropolitana de Cauibá, Mário Júnior, disse que não há planejamento para as manifestações, eles estão "deixando as coisas acontecerem”. No trecho onde ele está, ambulâncias, caminhões com oxigênio e ônibus de passageiros têm a passagem permitida. Rodoviárias A manifestação dos apoiadores de Bolsonaro afetaram também o Terminal Rodoviário Engenheiro Cássio Veija de Sá, em Cuiabá. De acordo com a concessionária, das 32 empresas que operam no terminal, três suspenderam viagens que sairiam da capital e estão remarcando as passagens com os clientes ou devolvendo o dinheiro sem aplicação de multa. Há impactos também na Rodoviária de Sinop, 503 km da capital. No terminal, as empresas têm combinado com os passageiros de entrar em contato por telefone para que eles possam esperar em casa até a viagem ser confirmada. *Com informações do G1 MT