“Os cães ladram”, mas a caravana da Democracia passará e há de superar o golpismo e o ódio

“Os cães ladram”, mas a caravana da Democracia passará e há de superar o golpismo e o ódio
Análise política Por Mário Marques de Almeida Foto reprodução Daqui a 30 dias, sai Bolsonaro e assume Lula. O que muda, além da troca de presidentes é a indagação que muita gente faz?  A pergunta surge em meio a um turbilhão de falta de informações confiáveis, concretas e excessos de fake-news, entre as quais a de que o presidente eleito não subirá a rampa no Planalto para tomar posse.   Quanto a isso, em que pese as mentiras e ameaças propaladas numa escala jamais vista no País, a hipótese de Lula não assumir existe apenas na cabeça doentia pelo fanatismo exacerbado de saudosistas da ditadura, fardados ou não. e de baderneiros que bloquearam rodovias, causaram danos e prejuízos ao patrimônio público e privado. Em suma, grupos de extrema-direita que se misturaram a desocupados e desordeiros de plantão, mas foram forçados pelas autoridades responsáveis pela Segurança Pública a desobstruir as estradas.   As rodovias, após mais de uma quinzena de tumultos, estão livres e está assegurado, por enquanto, o direito constitucional de ir e vir.     Dos bloqueios, em alguns pontos, o que resta são fanáticos acampados às margens das estradas. É problema deles, e em se tratando de protesto pacífico, esse tipo de manifestação deve ser assegurado, desde que o fluxo normal do tráfego não seja interrompido por barricadas com pneus e madeiras incendiados.   É aquela velha história, conforme já dizia provérbio árabe milenar: “Os cães ladram, mas a caravana passa”!   Quanto às mudanças no modelo de administração do país, quem conhece a trajetória de resistência democrática de Lula e seu compromisso com camadas mais vulneráveis da sociedade, podem apostar que políticas públicas destinadas à geração de empregos e renda, voltarão com força. E a fome que assola grandes contingentes de brasileiros, vai ser combatida com um enfrentamento de guerra.   Mas não só isso mudará com a troca de presidentes. Sob o comando de Lula, não haverá a figura de “superministros”, concentradores de poder em demasia, a exemplo do que ocorre desde o início do governo Bolsonaro,  hoje definhando em sua incompetência e colhendo os frutos podres dos estímulos golpistas.   Nessa seara de “ministros de primeira linha”, o exemplo mais típico é o todo-poderoso Paulo Guedes, à frente da Economia.   Diante do que está esboçado por Lula, o Ministério da Economia "fabricado" sob medida para contemplar Guedes – criado por Bolsonaro que, aliás. já disse por várias vezes “não entender nada de economia”- deverá voltar a ser Ministério da Fazenda. Precisa ser forte, sem gigantismo e açambarcando outros setores, o que caracteriza atrofiamento do gerencianento publico, Outra mudança que ocorrerá com a entrada de Lula e a saída de Bolsonaro, se refere a um choque de elevação da autoestima do povo brasileiro, que já começa a surgir nos horizontes da Pátria, com o retorno da convicção e da esperança de dias melhores estão próximos de acontecer.   Trata-se efetivamente de uma nova era sucedendo, daqui a um mês, a gestão de Bolsonaro, que chega ao fim de forma melancólica, com parcelas mais ignorantes de seus seguidores acampados em frente a quartéis e clamando por intervenção militar e golpe de Estado. De resto, além desses estertores antidemocráticos, o que mais se destaca na mediocridade bolsonalista é a falência de serviços públicos essenciais, como saúde e educação, detonados por falta de investimento e sucessivos cortes orçamentários. Basta!   Mário Marques de Almeida é jornalista em Cuiabá.