ERA MITO, HOJE É "FORA DE ÓRBITA": Presidente do PL de Bolsonaro agora o considera um "palerma que vive em universo paralelo"

 ERA MITO, HOJE É
Redação É "uma pessoa aparlermada, frágil, hipossuficiente e que vive em um universo paralelo", diz chefe do PL, que já comprou briga com o STF para defender Jair BolsonaroFoto Reprodução : Vademar bajulando Blsonaro, na época que este mandava Essa é a imagem que fica de Jair Bolsonaro para quem lê as declarações dadas pelo líder do seu partido, o PL, Valdemar da Costa Neto, à repórter Jussara Soares, no jornal, O Globo, desta sexta (27). A análise é do comentarista Leonardo Sakamoto, do site UOL.   Ao justificar o longo silêncio do ex-presidente diante dos pedidos de autogolpe que vinham de seus seguidores, Valdemar descreveu Jair como uma criança que precisa ser tutelada, uma criança que fica em choque com uma má notícia. "Isso pode ter sido um erro meu, dos políticos, que não o preparamos para uma possível derrota", diz. E descreve um cenário que não é compatível com quem tentou passar, por décadas, a imagem de um homem que bate e arrebenta: "Quando fui lá na segunda [após o segundo turno], ele estava um pó. Quando eu o vi após uma semana, eu achei que ele ia morrer. O cara estava desintegrando. Passaram três ou quatro semanas, e vi que ele melhorou. Perguntei o que era, e ele disse que estava comendo, porque ele ficava quatro ou cinco dias sem comer nada". Valdemar reconhece que Bolsonaro só não deu o golpe porque "não viu maneira de fazer". Alexandre de Moraes e os demais ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que estão analisando ações que podem levar à inelegibilidade do ex-presidente, já devem ter incluído a entrevista nos autos dos processos a essa hora. A função que ele vê para Jair não é de líder da oposição a Lula, mas de bedel da extrema direita que domina quase metade da bancada do PL. "Quero que ele volte, porque ele é muito importante para nós. Por exemplo, para conduzir essa bancada de direita que nós temos aqui. O pessoal é muito extrema-direita. Com Bolsonaro aqui, eu estou no céu. Eles ouvem Bolsonaro. Não vão ouvir a mim", explica. E para que não ficassem dúvidas sobre isso, a repórter ainda questionou os planos do PL para o ex-presidente. "Cuidar desse pessoal e viajar, ser convidado para todos os eventos, e começar a pôr a vida em dia", foi a resposta. A perspectiva é diferente, contudo, para Michelle Bolsonaro. "Ela tem condições. Ela pode ser candidata até a presidente da República. Ninguém sabe o dia de amanhã", profetizou Valdemar. A ex-primeira-dama chegou, na noite desta quinta, a Brasília, deixando o marido na Flórida, onde se refugia com medo da Justiça brasileira. Condenado no escândalo do mensalão, Valdemar abraçou o bolsonarismo e filiou o então presidente a seu partido. Ganhou com isso a maior bancada da Câmara dos Deputados a partir deste ano, com 99 parlamentares - e, portanto, o maior fundo partidário e eleitoral. Como pedágio, ele foi peça-chave no ataque ao Estado democrático de direito perpetrado pelo bolsonarismo. O PL entrou com uma ação junto ao TSE para tentar cancelar 59% dos votos apenas no segundo turno a fim de evitar a vitória de Lula. Valdemar fez um malabarismo risível para justificar que as mesmas urnas eletrônicas eram confiáveis no primeiro turno, quando elegeram senadores e deputados do PL. O ministro Alexandre de Moraes não apenas negou o pedido, como impôs uma multa de R$ 22,9 milhões por litigância de má-fé. Valdemar prometeu casa, advogado e um gordo salário para bancar Jair e Michelle. Com o ex-presidente morando às portas da Disney, já desistiu do aluguel. O mundo passa, mas Valdemar sobrevive.