BRASIL SEM TETO: Falta de investimentos em habitação popular nos últimos 4 anos pode ter contribuído para disparada no aumento da população de rua
BRASIL SEM TETO: Falta de investimentos em habitação popular nos últimos 4 anos pode ter contribuído para disparada no aumento da população de rua
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13/02/2023 - 16:58
Redação
O corte de recursos para construção de casas poulares para a população carente, promovido pelo governo federal anterior, pode ser um dos principais fatores que contribuíram para que a população de rua superasse as 281 mil pessoas no Brasil em 2022. Isso representa um aumento de 38% desde 2019, após a pandemia de covid-19. Essa é a conclusão de um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Essa tragédia social se espraia em maior ou menor intensidade por todo o País, principalmente pelas cidades maiores e capitais. Em Cuiabá, por exemplo, onde esse fenômemo de pessoas dormindo ao relento era desconhecido ou raramente visto, já faz parte do cenário urbano de algumas ruas e logradouros centrais da Capital mato-grossense.
Confira, abaixo, o relato de uma dessas vítimas que engrossam o contingente de pessoas sem um teto para “chamar de seu”.
Mauro veio de Santa Catarina para Brasília após um acidente de moto em novembro, que tirou a fonte de renda dele. Ele conta que não tem apoio de ninguém e agora quer voltar para o Sul do país. Mauro tenta uma saída em um dos Centros Pop, locais que atendem pessoas em situação de rua.
"Eu rompi relação com todos os meus familiares. Eu não tenho ninguém, no caso. Justamente por isso, talvez, eu me encontre nesta situação. Eu tinha um troco aí, estava me alimentando, mas agora eu venho aqui, para me alimentar e para tentar uma passagem, para voltar para o Sul.".
O estudo do Ipea alerta que o aumento de pessoas nas ruas é muito maior em proporção do que o da população em geral. No período de dez anos, de 2012 a 2022, o crescimento desse segmento vulnerável foi de 211%. Segundo dados do IBGE, o aumento populacional brasileiro foi de 11% entre 2011 e 2021.
A Região Sudeste concentra pouco mais da metade da população em situação de rua do país: são 151 mil pessoas. Na sequência estão Nordeste, Sul, Centro-Oeste e Norte. A pesquisa destaca a Região Norte, onde está a menor parcela de população de rua do país, mas que, no entanto, mais que dobrou de 2019 para 2022, saindo de 8 mil para mais de 18 mil pessoas vivendo nas ruas.