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"HOMENS DE BEM": Chacina de Sinop vira debate nacional sobre CACs e põe em lados opostos apoiadores da "cultura do ódio" e defensores de controle da política armamentista
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24/02/2023 - 12:42
A chacina em Sinop (500 Km ao Norte de Cuiabá), que matou sete pessoas, dentre elas uma criança de 12 anos, na terça-feira, 21, gerou comoção nas redes sociais e virou tema de debate entre políticos aliados e de oposição ao governo Lula. Enquanto os governistas destacaram o fato de que os responsáveis pela tragédia têm registro no Exército como Colecionador, Atirador Esportivo e Caçador (CAC) - grupo que cresceu estimulado por medidas armamentistas durante a gestão Bolsonaro -, a oposição defende principalmente, além da punição rigorosa dos atiradores, o endurecimento de medidas para controle da proliferação de armas no Brasil.
Os suspeitos dos crimes, Edgar Ricardo de Oliveira, de 30 anos, e Ezequias Souza Ribeiro, de 27, foram identificados por meio de imagens das câmeras de segurança do bar onde aconteceu o crime, motivado, segundo a polícia, pela derrota numa série de partidas de sinuca. Ribeiro foi morto em confronto com policiais nesta quarta-feira, 22. Oliveira se entregou à policia em Sinop, ontem (23), e será recambiado, por decisão judicial, para a Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá.
O debate que se trava é em razão de que, pela visão ética do bolsonarismo, pelo fato dos criminosos terem registro de CACs e frequentarem clubes de tiro, ambos eram considerados "homens de bem".
O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, associou a tragédia a uma “irresponsável política armamentista que levou à proliferação de ‘clubes de tiro’, supostamente destinados a ‘pessoas de bem’”.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, prestou solidariedade às famílias das vítimas e afirmou que é de conhecimento “quem é o guru do ódio que estimulou a intolerância e o armamento da população”.
O deputado federal e vice-líder do governo Lula no Congresso, Bohn Gass (PT-RS), classificou a chacina de Sinop como “uma sequência de horror e covardia”: “Bandidos, frequentadores de clubes de tiro, matam, com tiros na cabeça, cada uma das vítimas desarmadas cujo “crime” foi ter ganho deles no jogo”.
O ex-presidente do Novo, João Amoêdo, ressaltou que a chacina é “exemplo da irresponsabilidade na definição de políticas públicas e do incentivo à cultura de ódio pelo ex-presidente”.
Entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, o foco das manifestações foi a punição aos envolvidos. O ex-ministro da justiça e atual senador Sérgio Moro (UB-PR) defendeu, na prática, prisão perpétua para os assassinos, pena inexistente no código penal brasileiro. “Os dois responsáveis pelos assassinatos covardes em Sinop/MT devem ser caçados, presos, condenados e abandonados na prisão pelo restante de suas vidas”, disse.
A punição também foi defendida pelo senador Magno Malta (PL-ES). “Que esses desgraçados apodreçam na cadeia”, disse.
O deputado federal Sargento Fahur (PSD-PR) compartilhou uma reportagem sobre a morte de um dos homens apontados como autor da chacina em Sinop. “Que vá para o inferno esse covarde”, disse.
Preso
O segundo suspeito pela chacina em um bar de Sinop (MT), a cerca de 500 km de Cuiabá, Edgar Ricardo de Oliveira, de 30 anos, foi detido, na manhã desta quinta-feira, 23, pela polícia. A prisão foi confirmada pelo delegado Bráulio Junqueira, responsável pelo inquérito. O outro suspeito pelos sete assassinatos, Ezequias Souza Ribeiro, de 27 anos, foi morto em confronto com o Bope-MT, na tarde desta quarta-feira, 22, em uma mata próximo ao aeroporto da cidade.
Segundo a polícia, a dupla é suspeita de matar sete pessoas, dentre elas uma adolescente de 12 anos, na terça-feira de carnaval, 21. A jovem foi atingida nas costas com tiros de uma espingarda calibre 12 mm. O motivo do crime, segundo a polícia, foi porque os dois homens não aceitaram perder em jogo de sinuca. Também conforme a polícia, Oliveira e Ribeiro possuem cadastro no Exército e registro de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC).
Segundo o delegado, Oliveira se apresentava como pedreiro, “andou pegando umas obras, não entregou, pegou o dinheiro antecipado, comprou a caminhonete, armas”. Já o comparsa, afirma a polícia, tinha passagens por transporte ilegal de madeira, já havia sido preso por formação de quadrilha e porte ilegal de armas, dentre outros crimes.