SÃO MESMO ALIADOS? Disputa entre Lira e Pacheco engessa governo Lula; entre muitas outras medidas, a do Bolsa Família e sobre combustível ficam afetadas

SÃO MESMO ALIADOS? Disputa entre Lira e Pacheco engessa governo Lula;  entre muitas outras medidas, a do Bolsa Família e sobre combustível ficam afetadas congresso
Parte das medidas de interesse do atual governo tem o prazo de validade próximo do fim e corre o risco de prescrever caso o Congresso não chegue a um consenso Redação, com informações de O Tempo  O impasse entre os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre a tramitação de medidas provisórias, afeta 26 matérias editadas pelo governo federal que aguardam apreciação pelo Congresso Nacional. Esse entrave pode atingir inclusive políticas públicas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva estabelecidas por meio de MPs. Entre elas, estão a que garante os R$ 600 aos beneficiários do Bolsa Família e a que reduz impostos sobre combustíveis. As MPs são editadas pelo presidente da República e entram em vigor quando publicadas no "Diário Oficial da União". No entanto, precisam ser aprovadas pelo Congresso Nacional em até 120 dias para se tornarem leis em definitivo. Parte das medidas de interesse do atual governo tem o prazo de validade próximo do fim e corre o risco de prescrever caso o Congresso não chegue a um consenso sobre a análise das pautas. Por isso Lula mandou ministros intervirem. O próprio presidente decidiu conversar com Lira e Pacheco, antes da viagem à China, neste domingo (26). Ele tenta estabelecer um consenso. Lira e Pacheco não querem “fabricar crise”. diz Padilha em tom conciliador Nesta sexta (24), o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que não existe “intenção” de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco de “fabricarem crise” por impasses na tramitação das MPs. A declaração foi feita após reunião com Lula, no Alvorada, onde o presidente passou o dia devido a uma pneumonia leve, detectada na quinta (23) e que levou ao adiamento da viagem à China em um dia. “Fico impressionado que as pessoas tentam fabricar uma crise que não existe. Você tinha o governo anterior que fabricava crise. Não tem, nem da parte do presidente Lira, nem do presidente Pacheco, a intenção de fabricar uma crise. Acredito que tenha disposição, não só dos dois presidentes, mas dos parlamentares”, disse Padilha. A jornalistas no Alvorada, o ministro informou que a reunião não debateu o rito das MPs. Como consta na agenda oficial, também participaram do compromisso outros sete ministros e líderes do governo. “A conversa não entrou em detalhes do rito do calendário entre Câmara e Senado, mas confirmou a boa relação institucional (...) se manteve um esforço de colaboração mútua para a pauta que é importante para o país”, sinalizou. O encontro, que estava previsto para ocorrer durante a manhã desta sexta, no Palácio do Planalto, foi modificado para a residência oficial do mandatário após Lula ser diagnosticado com uma pneumonia leve. Na quinta, Pacheco afirmou que irá retomar as comissões mistas, formadas por deputados e senadores, para a análise de MPS antes das votações nos plenários. A medida desagradou Lira, o que gerou uma crise na relação institucional que se perpetua. Enquanto Pacheco afirmou confiar no “bom senso”, na “razoabilidade” e na “consciência” de Lira para garantir o funcionamento das comissões mistas, inclusive com a indicação dos parlamentares integrantes, o presidente da Câmara afirmou que o Senado age com “truculência”. Mais tarde, Lira se posicionou novamente, dessa vez em tom mais ameno. O parlamentar reiterou a posição contra a volta das comissões mistas e defendeu que o objetivo da Câmara não é obter mais poder, mas garantir mais “agilidade e resolutividade” das pautas.