CONCLUSÃO: Ministro do GSI foi traído por major bolsonarista que o acompanhava com outros militares na vistoria ao Palácio do Planalto no dia 8

CONCLUSÃO: Ministro do GSI foi traído por major bolsonarista que o acompanhava com outros militares na vistoria ao Palácio do Planalto no dia 8
Dias alega que Planalto já havia sido invadido e que auxiliava em prisões UOL O ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Gonçalves Dias, alegou que estava auxiliando na prisão de bolsonaristas que invadiram o Palácio do Planalto em 8 de janeiro quando foi filmado por câmeras de segurança circulando no prédio. A GloboNews exibiu trechos de uma entrevista exclusiva à repórter Delis Ortiz. Cheguei no Palácio quando os manifestantes tinham rompido o bloqueio militar na altura do ministério da Justiça. Aquela turma desceu e praticamente invadiu o Palácio. A maior parte do pessoal que invadiu o Palácio subiu pela rampa. Como o Palácio nos seus 360 graus é composto por vidro, as pessoas não entraram pela porta, elas quebraram o vidro. Esse vidro tem 12 milímetros, é extremamente vulnerável. Eu entrei no Palácio depois que foi invadido e estava retirando as pessoas do terceiro piso e do quarto piso para que houvesse a prisão no segundo [piso]Gonçalves Dias, em entrevista à TV Globo Dias disse lembrar do momento no qual aparece no vídeo verificando portas. Segundo ele, naquele momento foram retiradas três pessoas de uma sala ao lado do gabinete presidencial e conduzidas ao segundo andar. O ministro, que pediu demissão hoje, alegou que verificava também "se as portas estavam fechadas e se não houve nenhuma depredação lá dentro". Outros trechos da entrevista:"Colar a minha imagem àquele major distribuindo águas aos manifestantes. Fizeram um corte específico na produção dos vídeos que vocês olharam. Aquilo é um absurdo para a minha imagem. Eu tenho 44 anos de profissão no Exército Brasileiro. Sempre pautei a minha vida em cima dos valores éticos e morais. O maior presente que eu dou a mim até hoje é a honra. Então aquilo é um absurdo", disse. "Não sei aonde vazou. Nós distribuímos imagens para vários processos, à Polícia Federal, ao Ministério Público, à Polícia Militar, pedido pelo Capelli [Ricardo Capelli, interventor nomeado por Lula no DF à época], e ao comando militar do Planalto (...) todo o pacote enviado às autoridades policiais tem as imagens completas daquele dia fatídico, 8 de janeiro. Isso inclui essas imagens também. De onde vazou, eu realmente não sei. Merece até ser apurado." "Estou muito triste, coloquei o meu cargo à disposição do presidente da República, para que toda investigação seja feita". "Todas as pessoas que estavam lá, conduzindo a operação no dia 8 aqui dentro, que estavam de serviço, todos foram afastados. E todos estão sendo investigados por sindicância interna, e todos estão sendo investigados pelo STF. Espero que dessa apuração, quem tiver algum envolvimento, seja punido. Inclusive aquele major [filmado dando água aos bolsonaristas]. Aquilo é um desvio de atitude daqui de dentro." A nossa técnica aqui dentro, depois da invasão, foi retirar as pessoas do quarto piso, retirar do terceiro, colocá-los no segundo, e no segundo efetuar a prisão. Prendemos mais de 250 pessoas aqui dentro, que invadiram, que depredaram. "Ninguém fala, mas preservamos praticamente o terceiro piso todinho. O coração do Planalto, que é a sala do Presidente, ela foi preservada. Toda ala do gabinete pessoal foi preservada. E o quarto piso foi preservado por completo desses invasores." O que aconteceu: O ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Gonçalves Dias, pediu demissão, que foi aceito pelo governo Lula. O pedido foi apresentado após imagens de câmeras de segurança do Palácio do Planalto mostrarem o general orientando bolsonaristas durante os atos golpistas -- o vídeo foi revelado hoje pela CNN. Dias também apresentou um atestado médico e faltou hoje à audiência na Comissão de Segurança Pública da Câmara. Mesmo assim, ele compareceu nesta tarde a uma reunião no Planalto com o presidente Lula (PT) e, então, ficou decidido pelo seu afastamento. Fontes do Planalto afirmam que, em princípio, Dias será substituído pelo secretário-executivo, o general de Divisão Ricardo José Nigri. A definição de um nome permanente, porém, depende do desenrolar das investigações. O GSI diz que as condutas de seus agentes públicos envolvidos estão sendo apuradas e que os respectivos autores serão responsabilizados. A nota do órgão não faz qualquer menção ao ministro Gonçalves Dias. O governo tem tomado todas as medidas que lhe cabem na investigação do episódio. E reafirma que todos os envolvidos em atos criminosos no dia 8 de janeiro, civis ou militares, estão sendo identificados pela Polícia Federal e apresentados ao Ministério Público e ao Poder Judiciário. A orientação do governo permanece a mesma: não haverá impunidade para os envolvidos nos atos criminosos de 8 de janeiro. SOBRE O ASSUNTO, CONFIRA O QUE DIZ A COLUNA DO JORNALISTA TALES FARIAS  Lula avalia que general foi traído e, sem comando da tropa, tinha que saIr  Tales Faria Colunista do UOL O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse a assessores que acredita na versão apresentada pelo chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, Gonçalves Dias, para o vídeo com imagens suas no Palácio do Planalto durante a invasão do prédio por golpistas bolsonaristas, no dia 8 de janeiro. Na versão apresentada ao presidente, o general sustentou que chegou ao Planalto quando a invasão já havia sido consumada. Teria decidido, então, ajudar na retirada dos golpistas do terceiro e quarto andares, sem enfrentamentos, na expectativa de que eles fossem detidos quando chegassem reforços no prédio. O gabinete presidencial fica no terceiro andar. O presidente tem o general como um amigo e crê na sua lealdade. Ele foi escolhido para o GSI ainda na transição para o atual governo. O militar foi Secretário de Segurança da Presidência da República nos dois mandatos anteriores do petista e também foi chefe da Coordenadoria de Segurança Institucional da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Mas o presidente acha que Gonçalves Dias perdeu o "comando da tropa" e isso, por si só, é motivo para um chefe militar ser afastado. Por isso sugeriu que ele apresentasse o pedido de demissão. Para o presidente, Gonçalves Dias foi traído por subordinados e por colegas de farda que apoiavam e ainda apoiam o ex-presidente Jair Bolsonaro. A traição teria ocorrido não só durante a invasão, como também com o próprio vazamento das imagens. Na avaliação do presidente, o vídeo foi editado para sustentar a versão de que o general colaborou com a invasão. Essa versão foi reverberada pela oposição no Congresso, defensores da tese de que agentes do governo patrocinaram os atos golpistas para vitimizar o presidente Lula. Até mesmo líderes governistas se sentiram confundidos pelas imagens do general Gonçalves Dias, o que acabou praticamente cristalizando a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito no Congresso, na semana que vem. Líderes do governo na Câmara e no Senado passaram a defender que a CPI mista das duas Casas pode ser uma oportunidade para provar que o atual governo não teve participação nos atos, que teriam sido promovidos exclusivamente por bolsonaristas. Se a CPMI sairá de fato, somente na semana que vem é que se saberá.