LIÇÃO DE JORNALISMO: CNN expõe general da confiança de Lula fazendo papel de “babá” de golpistas

Por Mário Marques de Almeida O bom jornalismo, ironicamente por sua coerência, via de regra, costuma sempre desagradar muitos lados, entre os quais a esquerda e a direita. A “ironia do destino”, no caso, é por se manter fiel aos preceitos básicos da profissão que é a isenção e respeito aos fatos narrados pela Imprensa. Além da noção nítida e inequívoca de que se está do lado certo da história. A observação acima se enquadra especificamente ao jornalismo de qualidade praticado pela CNN no episódio que envolve a cobertura da controversa atuação do general G. Dias em um dos lances lamentáveis referentes à invasão da sede dos poderes, no dia 8 de janeiro. Passados mais de 3 meses daquele triste acontecido, o general em questão, teve sua imagem exposta ao público pela CNN nesta semana, reportagem que ganhou espaço em muitos outros órgãos da mídia e nos meios políticos, ensejando que a referida emissora passasse a ser atacada, ora de estar a serviço da direita, ora da esquerda. Quando, na realidade - e aqui, sem nenhuma pretensão de ser “dono da verdade” -, a nosso ver, a CNN, no momento que divulgou, em primeira mão, o general Gonçalves Dias, o G. Dias, agora ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), agindo de maneira atabalhoada, confusa, dando margem a que fazia papel de “babá” de golpistas que naquele fatídico 8 de janeiro, invadiram as dependências do Palácio do Planalto, além das sedes do Congresso Nacional e o STF, na tentativa clara e visível de provocar um retrocesso institucional na democracia brasileira. Diga-se, em nome da verdade, cujos atos foram protagonizados, basicamente, por seguidores de extrema-direita do ex-presidente Jair Bolsonaro, inconforrmados com a derrota deste, nas recentes eleições, pelo atual presidente Lula. Diante disso, ao invés de críticas de má-fé ou de interpretação errada - não importando, aqui, as motivações dos questionamentos -, a CNN merece o reconhecimento dos que amam a verdade, acima de interesses políticos, partidários ou ideológicos de quem quer que seja. A propósito, não cabe à imprensa fazer ilações sobre o grau de lealdade do general ao presidente Lula, nem quanto ao comprometimento do oficial com os postulados democráticos – o que, aliás, não ocorreu na citada reportagem. *Mário Marques de Almeida, 75 anos, é um dos decanos da Imprensa mato-grossense em atividade profissional; trabalhou em vários orgãos de comunicaçao socal e atualmente é diretor do site e jornal Página Única, que ele fundou há 18 anos.