FORA DE SI: À PF, Bolsonaro diz que estava "sob efeito de remédios" ao questionar resultado das eleições
FORA DE SI: À PF, Bolsonaro diz que estava "sob efeito de remédios" ao questionar resultado das eleições
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26/04/2023 - 20:50
Ex-presidente é investigado por suspeita de atuar como instigador ou autor intelectual dos atos golpistas
Por GABRIEL MANSUR
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, em depoimento prestado à Polícia Federal na manhã desta quarta-feira (26), que compartilhou sem querer um vídeo que questionava o sistema eleitoral brasileiro, após derrota para Lula no pleito de 2022. Advogados da defesa do ex-presidente alegaram ainda que ele estaria "sob efeito de medicamentos" quando fez a postagem, por ter sido hospitalizado.
Segundo a defesa, Bolsonaro teria recebido o vídeo - que questionava a lisura das urnas eletrônicas - e queria armazená-lo para assistir mais tarde, quando acabou postando por engano no Facebook. O ex-presidente, diz a sua defesa, não teria se dado conta que realizou postagem, que acabou removida por auxiliares em seguida.
"Essa postagem foi feita de forma equivocada, tanto que, pouco tempo depois, duas ou três horas depois, ele foi advertido e imediatamente retirou essa postagem. Observo, inclusive, que essa postagem foi feita na sua rede social de menor importância (Facebook). Realmente aquilo ali foi um equívoco na hora de salvar um arquivo para posteriormente poder visualizá-lo e assisti-lo integralmente", observou o advogado Paulo Cunha Bueno.
Aos policiais, Bolsonaro disse que queria salvar o vídeo para visualização posterior, mas compartilhou sem querer. Ele não respondeu a outros questionamentos e afirmou aos investigadores que, se quiserem marcar nova data para tratar desses assuntos, vai comparecer.
O depoimento, que durou cerca de duas horas, é parte do inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura os atos golpistas de 8 de janeiro, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e vandalizadas por bolsonaristas radicais. O ex-presidente chegou à sede da PF, em Brasília, pouco antes das 8h50, acompanhado da defesa, e saiu por volta de 11h20.
Pedido da PGR
A PF tomou as declarações de Bolsonaro após determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes. Moraes, por sua vez, atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República e deu prazo de 10 dias para a PF ouvir o ex-presidente.
A PGR pediu o depoimento de Bolsonaro quando o ex-presidente ainda estava nos Estados Unidos, onde ficou por 3 meses depois de sair do governo. Com a volta dele do exterior no dia 30 de março, Moraes mandou marcar a audiência. Na avaliação de investigadores, uma postagem feita no dia 10 de janeiro pelo ex-presidente o ligaria aos atos golpistas do dia 8 de janeiro. Ele apagou a publicação em seguida.
Ao longo de seu mandato (2019-2022), Bolsonaro acumulou declarações de cunho golpista e, ao perder as eleições, além de não reconhecer o resultado, incentivou apoiadores a permanecer em acampamentos que pediam às Forças Armadas uma intervenção federal que impedisse a posse do presidente Lula.