Garimpeiros ilegais atacam a tiros jovens yanomamis; matam 1 e baleiam 2 dentro de terra indígena

Garimpeiros ilegais atacam a tiros jovens yanomamis; matam 1 e baleiam 2 dentro de terra indígena
Informação foi confirmada nas redes sociais por liderança indígena; governo Lula vai enviar ministros à região  Por GABRIEL MANSUR Três jovens indígenas da comunidade Yanomami foram alvejados a tiros, neste sábado (29), por garimpeiros armados em Roraima. A informação foi confirmada pelo presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY), Júnior Hekurari. Ilson Xirixana, que atuava na região como agente indígena de saúde (AIS), foi baleado na cabeça. Ele chegou à unidade de saúde desacordado e não resistiu aos ferimentos, falecendo por volta das 5h30 deste domingo (30). Outras vítimas duas estão feridas. Profissionais do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Yanomami resgataram os indígenas, que estão em estado grave na sala vermelha do Centro de Referência Surucucu, aguardando remoção para o Hospital Geral de Boa Vista. Uma imagem divulgada por Júnior mostra profissionais do Dsei-Y no resgate de um dos indígenas atacados. Ele estava com a cabeça enfaixada e havia uma grande mancha de sangue na região posterior. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomou conhecimento da situação e vai enviar uma equipe com ministros para a região, com intuito de acompanhar de perto a situação. Partirão para o local Nísia Trindade (Saúde) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas). Também foi solicitado o reforço do Ministério da Justiça (MJ) para a investigação da Polícia Federal (PF) sobre o caso. “Com muito pesar soubemos do ataque a tiros de garimpeiros contra três indígenas Yanomami, um veio a óbito e os outros dois estão sob atendimento em estado grave”, escreveu Sônia no Twitter. Já o Governo de Roraima declarou apenas que a Secretaria da Saúde foi informada da transferência dos baleados ao Hospital Geral do estado. "A equipe da unidade está de prontidão aguardando a chegada deles", disse a pasta, em nota. Não há detalhes sobre identidade das vítimas e outras informações sobre a ocorrência. Crise humanitária O ataque à comunidade Uxiú é o mais recente episódio de dificuldades envolvendo o povo yanomami. Desde janeiro, o governo federal atua diretamente na terra yanomami após ser constatada uma crise sanitária e humanitária na região. A situação de saúde dos indígenas é causada especialmente pelo garimpo, que polui a natureza e causa doenças. Para resolver a situação, uma operação integrada de desintrusão foi deflagrada por diferentes órgãos, como Polícia Federal, Forças Armadas, Força Nacional, Ibama e Funai. Na ação conjunta, a primeira fase buscou interromper a atuação do garimpo nas terras Yanomami. A segunda, retirar os garimpeiros do território indígena. Por fim, a terceira fase, iniciada em 6 de abril, busca retomar as bases que haviam sido roubadas pelos garimpeiros, para armazenamento dos insumos utilizados na atividade ilegal. Segundo balanço de 11 de abril, foram retiradas 70 balsas, quatro aeronaves, 11 embarcações e desmontados mais de 290 acampamentos de garimpeiros, com a destruição de 145 motores e apreensão de quase 14 mil quilos de cassiterita, principal minério de estanho utilizado por indústrias na produção de tintas, plásticos e fungicidas. No total, foram apreendidos e bloqueados em operações da Polícia Federal R$ 68 milhões.