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Olavo de Carvalho, guru da extrema-direita que negava vacinas e morreu de covid, tem título de cidadania “post-mortem” vetado pelo prefeito de Curitiba
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17/05/2023 - 05:12
Por Mário Marques de Almeida
Foto Reprodução Internet: o guru bolsonarista Olavo de Carvalho, segundo informou à época (janeiro de 2022) uma de suas filhas, morreu de covid; ele também possuia comorbidades como cardiopatia
O guru do bolsonarismo e da extrema-direita brasileira (principalmente, do ex-presidente Bolsonaro e filhos), que contestava a eficácia das vacinas contra a covid, ironicamente, faleceu no princípio de 2022, vítima da covid, vírus que ceifou a vida de mais de 700 mil brasileiros.
No entanto, mesmo após morto, Carvalho, que se dizia filósofo, mas começou a carreira no Brasil, antes de se mudar para os Estados Unidos (onde morreu), como “astrólogo”, profissão que tem sua base científica questionada no mundo acadêmico em geral e costuma ser vista, por muitos, como “picaretagem” para tomar dinheiro mais fácil dos incautos (as).
Confira o imbróglio sobre o título vetado ao guru pelo prefeito curitibano e os motivos jurídicos e legais que o alcaide da capital paranaense se baseou para negar a honrosa comenda.
Aprovado pela Câmara Municipal em abril, a cidadania honorária a Olavo de Carvalho foi vetada pelo prefeito Rafael Greca (PSD). Na decisão, Greca afirma que a proposta é inconstitucional, tendo em vista que os legisladores municipais aprovaram o projeto original, e não o substitutivo, que estabelecia que a homenagem era “in memorian”.
Carvalho – que se dizia filósofo – morreu em janeiro de 2022. Como bom negacionista, ele veio a óbito acometido pela covid - enfermidade cuja prevenção ele negava que vacinas pudessem ter algum efeito.
Além de negar a necessidade de se tomar imunizante contra o vírus, outro aspecto da controvertida personalidade do "filósofo" Olavo de Carvalho que se alinhava ao pensamento do clã Bolsonaro, e vice-versa, é a defesa de políticas armamentistas, incluindo a liberação para compra e porte de armas de grosso calibre.
Também em suas prédicas, escritos e entrevistas negacionistas, ele criticava o uso de máscaras pelas pessoas, inclusive em locais púbicos e de aglomeração.
Inclusive, de acordo com avaliações de analistas, a influência e conselhos de Olavo foram fundamentais para decisões do governo anterior em questões consideradas extremistas e próprias de uma direita insana e agressiva ao meio ambiente e convivência democrática.
Homenagem vetada
Tudo começou com o vereador Éder Borges (PP) – autor da proposta – quando apresentou um substitutivo geral ao projeto original para que a cidadania honorária fosse concedida “in memorian”. No entanto, a Câmara aprovou o projeto original que não contém essa expressão póstuma.
“O projeto de lei ofende o previsto no art. 20, inciso XI, da Lei Orgânica do Município” que diz que compete privativamente à Câmara “conceder honrarias a pessoas que, reconhecida e comprovadamente tenham prestado serviços relevantes ao Município”, argumenta Greca. O que, por sinal, não é o caso do homenageado, por se desconhecer qual a “relevância” de algum feito de Olavo em prol da população curitibana.
Diante do falecimento do "Senhor Olavo Luiz Pimentel de Carvalho, o Vereador proponente apresentou substitutivo geral ao projeto para conceder o título de cidadão honorário ‘in memoriam’. Porém, conforme consta do processo legislativo, o substitutivo foi rejeitado, tendo sido aprovado o projeto de lei com a redação original”, explica Greca.
RESUMO: A redação final do projeto “na qual foi retirada a expressão ‘in memorian’, que constava do substitutivo, constitui afronta ao princípio continuo no art. 7º, da Lei Complementar Federal nº 95, de 1998, prejudicando a questão jurídica formal".