O ex-presidente Jair Bolsonaro, nos últimos dias, vem sinalizando querer “fumar o cachimbo da paz” com a gestão do presidente Lula, considerado seu principal adversário. Prova disso é sua afirmação, feita a jornalistas, nesta quinta-feira (18), durante visita ao gabinete de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Na ocasião, o ex-presidente acenou com a “bandeira branca”, ao declarar estar disposto “ajudar, apesar de não simpatizar com o governo”. “Queremos colaborar”. E frisou que as “eleições (foram) superadas” (obviamente, referindo-se ao pleito de 2022, em que foi derrotado por Lula). "[As eleições de] 2026 só se discutem depois de 2024". Com isso, o ex-presidente deixa claro que o debate do tema não interessa, nesse momento. E acrescentou: "Sem rancor da nossa parte". Como era de se esperar, a nova postura mais amena adotada por Bolsonaro (que antes se referia aos adversários, destilando raiva) chama a atenção de setores da classe política. Não faltando a observação, de nossa parte, que Jair Bolsonaro esteja buscando copiar a versão "Lulinha, Paz e Amor", criada pelo marketing da primeira campanha vitoriosa de Lula à Presidência da República. Não se sabe, por enquanto, qual a reação que o tom, digamos assim, “amistoso” de Jair Bolsonaro está causando nas parcelas mais radicais de seus seguidores, notadamente nos grupos que porejam ódio, ao se referirem ao presidente Lula. Mas não é difícil imaginar que Bolsonaro esteja, com sua nova narrativa, tentando se aproximar de segmentos da direita, contrários à armações golpistas, ao mesmo tempo em que busca se distanciar dos setores de extrema-direita, mesmo com muitos “bolsonaristas-raiz” alojados nessa base.