Saiba como PF e Moraes cercaram senador bolsonarista que disse mentir nas redes sociais
Saiba como PF e Moraes cercaram senador bolsonarista que disse mentir nas redes sociais
|
16/06/2023 - 20:35
Diligências da PF coletaram documentos, aparelhos eletrônicos e arquivos digitais do senador. Marcos Do Val - Foto: Reprodução / Arquivo / Internet
Redação, com Gabriel Mansur / JB
A Polícia Federal realizou, na tarde desta quinta-feira (15), buscas em três endereços ligados ao senador Marcos do Val (Podemos-ES), um em seu gabinete, no Senado, e em residências em Brasília e Vitória, seu domicílio eleitoral. A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que relata os processos ligados aos Atos Golpistas de 8 de Janeiro.
As diligências da PF coletaram documentos, aparelhos eletrônicos e arquivos digitais do senador. A decisão que permite a realização das buscas está em sigilo. A operação, curiosamente, ocorreu no dia do aniversário de do Val. Ele completou 52 anos nesta quinta.
Do Val é investigado por obstruir investigações sobre possível plano de golpe de estado. Em fevereiro deste ano, do Val acusou o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-deputado Daniel Silveira de organizarem uma reunião, no fim de 2022, com Lula já eleito presidente, para propor o envolvimento do senador em uma suposta trama para manter Bolsonaro no poder. Ele negou, após a operação, que tenha contado mais de uma versão sobre o caso.
Entre os crimes em que ele pode ser enquadrado está o de divulgar informações sigilosas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que podem causar prejuízo a outras pessoas. Marcos do Val divulgou quatro páginas do que seriam relatórios da Abin.
Na operação, Moraes determinou o bloqueio das contas do parlamentar nas redes sociais e ordenou que ele preste depoimento à PF. Por outro lado, recusou pedido da PF para prendê-lo.
Desde esta quinta, os perfis do ex-policial no Twitter, Instagram e Facebook não podem mais ser acessados. Ao acessar o Twitter, o site informa que a conta foi retida em resposta a uma demanda judicial. Facebook e Instagram dizem que a página não está disponível. Ele também é investigado por ataques que fez a Moraes nesses canais, além de ofensas a integrantes do governo federal.
Nesse mês, durante a CPMI no Congresso, o senador apresentou um requerimento para convocar Moraes a depor. Em sessão do colegiado, o parlamentar alegou que o magistrado o incluiu no inquérito “para me calar” e defendeu que o ministro do STF sabia com antecedência dos ataques antidemocráticos.
Já nesta quinta, após ação policial, Marcos Do Val concedeu uma entrevista à Band News em que chamou Moraes de "imperador" e afirmou que o ministro fez "movimentos claros da invasão de poderes e quebra da Constituição". Aos colegas de Senado, o senador disse que "todos estão expostos" e "sendo monitorados".
As declarações em público também teriam irritado a corporação federal. A irritação, segundo a revista Veja, ocorreu devido a escolha de Do Val de dar diversas entrevistas em vez de aceitar depor formalmente.