TERRORISMO DE FARDA: PF desmascara comandante da PM falando sobre "golpe" para afastar Alexandre de Moraes, prender Lula e manter Bolsonaro

TERRORISMO DE FARDA: PF desmascara comandante da PM falando sobre
O comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), coronel Klepter Rosa Gonçalves, compartilhou um áudio que chama de “vagabundo” o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e de “vagabundo, marginal, criminoso e bandido” o então candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Tal conteúdo foi divulgado em um grupo de oficiais da PMDF, em em 28 de outubro de 2022, na véspera da votação do segundo turno das eleições, e recuperado por peritos da Polícia Federal. O áudio está no conjunto de provas que embasou a denúncia de mais de 200 páginas apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal (STF) nesta semana e que culminou na operação deflagrada pela PF na manhã desta sexta-feira (18) e que resultou na prisão de sete oficiais da PMDF, incluindo Klepter Rosa Gonçalves, e o ex-chefe da corporação Fábio Augusto Vieira. Klepter e Fábio trocaram diversas mensagens de áudio e vídeo com “teor golpista”, segundo a PGR. Em uma delas, enviada por Klepter, há informação sobre suposto de intervenção militar para afastar Alexandre de Moraes, prender Lula e manter Bolsonaro na Presidência da República, logo após as urnas confirmarem a vitória do petista. “Na hora que der o resultado das eleições que o Lula ganhou, vai ser colocado em prática o art. 142, viu? Vai ser restabelecida a ordem, se afasta Xandão, se afasta esses vagabundo tudinho e ladrão, safado, dessa quadrilha… Aí vocês vão ver o que é por ordem no país. Não admito que o Brasil vai deixar um vagabundo, marginal, criminoso e bandido, como o Lula, voltar ao poder”, diz a mensagem compartilhada por Klepter Rosa e recebida por Fábio Vieira. PGR diz que a cúpula da PM recebeu informações do seu serviço de inteligência sobre a possibilidade de ataques aos prédios públicos antes do 8 de janeiro e, segundo a denúncia, nada fez para impedir Conversas de comandantes da PMDF tratavam de intervenção e 'Bolsonaro no poder' “Rapaz, vocês tem que entender o seguinte: o Bolsonaro, ele está preparado com o Exército, com as Forças Especiais… As Forças Armadas, aí, para fazer a mesma coisa que aconteceu em 64. O povo vai pra rua, que ninguém vai aceitar o Lula ser... Ganhar a Presidência, porque não tem sentido, o povo vai pedir a intervenção e, aí, meu amigo, eles vão nos livrar do comunismo novamente”, diz a transcrição do vídeo. Após receber o vídeo, Fábio Vieira, então comandante-geral da PMDF, compartilhou o conteúdo com o coronel Marcelo Casimiro Rodrigues, comandante do 1º Comando de Policiamento Regional, responsável pela segurança da área da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes. A PGR destaca na denúncia ao STF que a troca de mensagens com “teor golpista” entre os dois oficiais da PM “se intensificou após as eleições. A Procuradoria destaca que, em 1º de novembro – com Lula já eleito –, Casimiro enviou a outros oficiais um quadro explicativo que apontava três possibilidades para a impedir a posse de Lula: “artigo 142”; “intervenção federal” e “intervenção militar”. Já em 2 de novembro, quando bolsonaristas haviam começado a bloquear rodovias e montar acampamento em frente a quartéis do Exército para pedir intervenção militar, o coronel Jorge Eduardo Barreto Naime, então comandante do Departamento de Operações da PMDF, trocou mensagens com outro oficial e apontou que os policiais militares não deveriam prestar apoio ao Exército no Quartel-General, em Brasília, onde centenas de apoiadores de Bolsonaro começavam a se reunir para atos contra os Poderes da República. O coronel Naime deixou claro, em vídeo recuperado pela PF, que era para se omitir diante da chegada dos bolsonaristas que pediam intervenção militar. “Deixa os melancia (sic) se virar”, escreveu o oficial da PMDF em resposta a vídeo enviado por um policial militar enviado ao QG para, oficialmente, impedir a tomada do espaço por apoiadores de Bolsonaro. “Melancia” é um termo depreciativo usado por bolsonaristas para se referir a militares que, como a fruta, seriam verdes por fora, em referência à farda, mas vermelhos por dentro, devido a supostos ideais de esquerda. Jorge Eduardo Barreto Naime e Marcelo Casimiro Rodrigues são dois dos oficiais da PMDF presos pela PF nesta sexta a pedido da PGR. PM do DF não agiu para impedir e ainda incentivou invasões do 8 de janeiro, diz PGR Além de não agir para impedir a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília, em 8 de janeiro, o comando da PMDF agiu deliberadamente para facilitar e estimular a ação dos vândalos que visavam impedir a continuidade do governo de Lula por meio de uma intervenção das Forças Armadas. Peritos da PF conseguiram recuperar mensagens de áudio e vídeo dos integrantes da mais alta cúpula da PMDF falando claramente em apoio a um golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro na Presidência da República. As informações estão na denúncia da PGR ao STF. A PGR acusou os comandantes da PMDF de “aderirem a teorias conspiratórias” e disseminarem mensagens com “teor golpista” para impedir a posse de Lula e, depois de 1º de janeiro, quando o petista assumiu a Presidência da República, que ele se mantivesse no Palácio do Planalto. Na denúncia feita ao STF, a procuradoria elencou uma série de mensagens, vídeos e áudios trocados entre os oficiais durante e depois das eleições de 2022. Segundo a PGR, isso acabou “gerando um clima social de polarização político-ideológica e de desconfiança nas instituições republicanas”. PGR diz que comando aderiu a “teorias conspiratórias” com “teor golpista” Ao contrário do que alegam os acusados, o governador Ibaneis Rocha (MDB) e seus assessores mais próximos, não houve um “apagão” na segurança pública do DF, mas uma conivência e até participação deliberada com os atos de 8 de janeiro, conforme a denúncia do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos da PGR. Tudo, segundo a Procuradoria, porque o comando e outros integrantes da PMDF queriam o mesmo que os vândalos, apoiadores de Jair Bolsonaro. "É mencionada, por exemplo, a constatação de que havia profunda contaminação ideológica de parte dos oficiais da Polícia Militar do DF 'que se mostrou adepta de teorias conspiratórias sobre fraudes eleitorais e de teorias golpistas", ressaltou em nota a PGR, que fez os pedidos de prisão. Outro motivo para as prisões, diz a PGR, foi o fato de a cúpula da PM ter recebido informações do seu serviço de inteligência sobre a possibilidade de ataques aos prédios públicos antes do 8 de janeiro e, segundo a denúncia, nada ter feito para impedir. As informações, diz, “indicavam as intenções golpistas do movimento e o risco iminente da efetiva invasão às sedes dos Três Poderes”. “Segundo as provas existentes, os denunciados conheciam previamente os riscos e aderiram de forma dolosa ao resultado criminoso previsível, omitindo-se no cumprimento do dever funcional de agir”, disse a PGR em nota. São alvos da investigação: • Coronel Fábio Augusto Vieira, era o comandante-geral da PMDF no 8 de janeiro;• Coronel Klepter Rosa Gonçalves, ex-subcomandante da PMDF, nomeado comandante-geral em 15 de fevereiro;• Coronel Jorge Eduardo Naime Barreto, ex-comandante do Departamento de Operações, que saiu de licença;• Coronel Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra, que substituiu Naime no 8 de janeiro;• Coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, ex-chefe do 1º Comando de Policiamento Regional da PMDF;• Major Flávio Silvestre de Alencar;Tenente Rafael Pereira Martins.