TRAMÓIA GOLPISTA: Áudios privados de hacker revelam proximidade com Carla Zambelli e família da deputada

TRAMÓIA GOLPISTA: Áudios privados de hacker revelam proximidade com Carla Zambelli e família da deputada
Revelação do material de Walter Delgatti narra relação com a família de Carla Zambelli e descreve que Bolsonaro fez questão de encontrá-lo Os áudios de conversas reservadas de Walter Delgatti Netto, programador conhecido como "hacker da Vaza Jato" condenado na operação Spoofing, foram divulgados nesta terça-feira, 22. O material mostra Delgatti falando sobre sua aproximação com o ex-presidente Bolsonaro (PL) e a deputada federal Carla Zambelli, que tinha o objetivo de fraudar o sistema eleitoral criando dúvidas sobre as urnas eletrônicas. Nos áudios, gravados enquanto ocorria toda a conspiração contra as urnas eletrônicas, Delgatti revela coisas que não contou à Polícia Federal e nem no seu depoimento bombástico à CPMI dos atos golpistas. A revelação do material foi feita pelo portal de notícias 'Metrópoles'. Ele cita, por exemplo, que Bolsonaro fez questão de encontrá-lo mesmo sendo desaconselhado, afirmando que quem mandava era ele, além de relatar proximidade até mesmo com a família de Carla Zambelli. Configurar o código-fonte Em 9 de agosto, véspera do encontro com o então presidente Bolsonaro, Delgatti foi gravado falando o que ele sabia sobre o encontro vindouro. Horas antes dessa gravação, ele foi à sede do PL, partido de Bolsonaro e Zambelli, para falar com Waldemar da Costa Neto, presidente da legenda, sobre a trama golpista em curso. “Eles vão configurar o código-fonte para dar o resultado que eles querem. Eles vão pegar agora uma urna.  Eles mesmo vão fazer isso”, afirmou Walter Delgatti. Na ocasião, explicou que o objetivo do ataque ao sistema eleitoral era induzir o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a autorizar militares a fazer uma “fiscalização” nas urnas, de modo a facilitar possíveis contestações a uma eventual vitória de Lula, que ainda era candidato. Nesse mesmo dia, Delgatti foi filmado dentro do hotel Phenícia, em Brasília, conversando com um funcionário no balcão da recepção. Lá, um motorista que dirigia um carro com uma placa “fria” passou para buscá-lo e levou o hacker ao encontro de Bolsonaro no Palácio da Alvorada, como revelou a revista Veja em agosto do ano passado. Após Delgatti afirmar que foi a deputada Carla Zambelli quem o conduziu às reuniões com Bolsonaro, a defesa da parlamentar alegou que a aproximação deles se deu por um projeto de trabalho que envolvia a administração das redes sociais dela e nada mais. Após o depoimento do hacker à CPMI, o advogado de Zambelli, Daniel Bialski, disse que foram os assessores da parlamentar que contrataram Delgatti, negando as alegações de que ela teria feito pagamentos ao hacker, como ele alegou (e comprovou as transações). “O que existe, é essa empresa de assessoria, que tem um contrato respectivo para prestação de serviço (para Zambelli), e pagou ele (o hacker), mas não teve continuidade porque o hacker não entregou o que disse que poderia fazer", disse o advogado em entrevista à 'Globo News'. Bialski também disse que Zambelli foi “descuidada” ao envolver o hacker como prestador de serviços sem uma compreensão completa de sua identidade e motivações. Os áudios de Delgatti revelados nesta terça-feira, 22, no entanto, apresentam outra versão, apontando que a relação entre eles era muito próxima e envolvia até mesmo parentes da parlamentar. “Eles estenderam a mão para mim, cara. A Carla me tratou hoje como se fosse um filho, coisa que nunca aconteceu na minha vida. A ponto da mãe dela me servir leite com Nescau, na mesa, e acompanhado com ela”, contou o programador, que também alega ter jogado videogames com o filho de Zambelli.