GOSTEM OU NÃO: "Bolsonaristas têm que engolir que Lula recolocou Brasil como protagonista respeitado e ouvido no cenário mundial"

GOSTEM OU NÃO:
Redação Quer os bolsonaristas concordem, ou não, "gostem ou deixem de gostar, a realidade é que o presidente Lula hoje é reconhecido mundialmente como um dos sete líderes mais influentes, respeitados e ouvidos do planeta". O fato já é consenso nos círculos da diplomacia mundial. E cuja avaliação é perceptível nos relatos de jornalistas e correspondentes que cobrem atividades nos fóruns e encontros internacionais onde Lula vem protagonizando. O presidente brasileiro faz parte do grupo seleto e restrito daquelas poucas lideranças com opiniões acatadas por personalidades como Xi Ji Ping, da China; Putin, da Rússia: Biden, dos Estados Unidos; Emanuel Macron, França; Olaf Palm, Alemanha e Narendra Modi, da Índia, entre outros membros proeminentes no cenário de comando internacional. O trânsito do presidente facilita que o Brasil seja visto com outros olhos, por nações ricas e influentes, além de abrir espaços importantes para o país e suas entidades representativas firmarem convênios econômicos, financeiros e científicos com países desenvolvidos. Fica evidente que o bom desempenho de Lula nos grandes centros decisórios abre oportunidades para a expansão da indústria, comérciio, agropecuária e serviços brasileiros no contexto internacional. O fato assegura legitimidade para Lula falar por cerca de 20 minutos e abordar, também, temas como a fome e as mudanças climáticas. E ser aplaudido pela plenária da Organização das Nações Unidas (ONU) quando disse que "o Brasil está de volta para dar sua contribuição ao enfrentamento dos principais problemas globais". O presidente brasileiro fez críticas contundentes ao Conselho de Segurança da ONU, citando a urgência da necessidade de reformá-lo; fez cobranças também para mudanças na atuação do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial; criticou as sanções internacionais; e alertou sobre o risco de ser reeditada uma nova Guerra Fria. Lula discursou 20 anos após sua primeira assembleia e 14 anos depois de seu último discurso como presidente. Esta foi a oitava vez que o petista abriu o evento, sendo o presidente da República que mais discursou na abertura da Assembleia Geral. Embora algumas pautas atuais já estivessem presentes há duas décadas, para o professor de relações internacionais e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) Pedro Costa Júnior, o mundo para o qual o presidente Lula discursou hoje é um mundo muito diferente do que existia quando ele realizou seu primeiro discurso na ONU. É um mundo no qual é mais claro, por exemplo, o "declínio da hegemonia americana" e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). "É um mundo onde tem a China como grande opositora da primazia norte-americana, onde os Estados Unidos estão em declínio e a Rússia reapareceu. E o Sul Global está minimamente mais reorganizado." Em segundo lugar, o especialista destaca, o Brasil também "não é mais o mesmo". Hoje, segundo Júnior, a questão ambiental tem uma importância muito maior do que tinha há duas décadas. "E o Brasil é um protagonista. É um protagonista natural pelas questões, obviamente, da Amazônia. O presidente Lula tem a grandeza disso, junto com o Celso Amorim [assessor especial para política externa da Presidência da República] e a sua equipe diplomática. Tem a grandeza de entender, de reconhecer e de saber trabalhar com isso, nesta agenda de 2023." Se o mundo e o Brasil mudaram, o Lula de 2023 também não é mais o mesmo de anos atrás, diz o professor. "É o Lula que fez história durante oito anos, que liderou um Brasil com crescimento econômico consistente e com inclusão social, com distribuição de renda. E que, na política internacional, deixou um traço de uma política externa ativa e altiva." A política externa do novo governo, de acordo com o pesquisador da USP, tem como vértices o combate à fome e à desigualdade, a defesa do meio ambiente e uma nova governança global. Ao mesmo tempo, aquela política externa ativa e altiva também se mostra nessa nova versão da gestão Lula, como quando o Brasil se oferece para mediar o conflito na Ucrânia. "Importante destacar que o Brasil tem tentado se colocar como um possível mediador de uma espécie de grupo da paz, e, ao contrário do que disse o Biden, que condenou extensa e ostensivamente a Rússia, Lula tenta se colocar com neutralidade e trazer o Brasil como um mediador, que nada mais é que a tradição histórica do Itamaraty", destaca o professor.