ENTREVISTA COM BIAL: Campos Neto cita "dispersão" de Bolsonaro e elogia "maior paciência para as conversas" de Lula
ENTREVISTA COM BIAL: Campos Neto cita "dispersão" de Bolsonaro e elogia "maior paciência para as conversas" de Lula
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04/10/2023 - 02:11
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O economista Roberto Campos Neto, indicado pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) à Presidência do Banco Central, dedicou parte de uma entrevista que concedeu ao jornalista Pedro Bial, nesta segunda-feira (2), para fazer um novo aceno ao presidente Lula (PT). Os dois se encontraram pessoalmente pela segunda vez, na semana passada, quando iniciaram, nas palavras do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, "a construção de uma relação".
Durante a entrevista, Campos Neto comparou suas conversas com Lula às reuniões que costumava ter com Bolsonaro. Ele enfatizou que o petista demonstra uma maior disposição para ouvir e paciência durante as conversas, em contraste com o ex-capitão, a quem ele descreveu como alguém “disperso”.
"O Lula dedica mais tempo para realmente ouvir o que você tem a dizer. Ele investe mais tempo e demonstra maior paciência durante as conversas. Bolsonaro era mais direto. Eu sempre soube que, quando conversava com Bolsonaro, tinha apenas três minutos para transmitir minhas ideias. Depois desse período, a comunicação se tornava mais desafiadora, pois ele ficava mais disperso", afirmou Campos Neto.
Campos Neto teve duas conversas com Lula. Uma delas no ano passado, durante o período de transição de um governo para o outro, e outra de uma hora e meia neste ano, após um período de críticas do presidente e aliados políticos à atuação do BC. Sobre a segunda conversa, ele afirmou que "ouviu mais do que falou", diferentemente do primeiro encontro.
As respostas chamaram a atenção de Bial, que classificou como ‘elogiosa’ a declaração sobre Lula e "não tão elogiosa" a Bolsonaro. Campo Neto não discordou e aproveitou o momento para tentar distanciar sua imagem da do ex-capitão.
“Bolsonaro sempre me deu toda liberdade, nunca tive nenhum problema. Nunca ligou pra reclamar de nada. Nunca interferiu em nada, zero. A gente, às vezes, escuta muito ‘ah, presidente autoritário’. Eu não era tão próximo, mas no que tangia ao meu meu trabalho, eu sempre tive liberdade total”, disse o presidente do BC.
Roberto Campos Neto assumiu a presidência do Banco Central em 2019, na gestão de Jair Bolsonaro. Dois anos depois, a autonomia operacional da instituição foi regulamentada. Ele permanecerá no cargo até 31 de dezembro de 2024.