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O que pretende Bolsonaro quando "profetiza" atos violentos piores que a invasão do Congresso dos EUA caso a eleição de 2022 não seja por voto impresso no Brasil
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08/01/2021 - 04:04
BOLSONARO-TRUMP
Redação
É difícil entender o que se passa na cabeça de Jair Bolsonaro. Nas eleições norte-americanas, ele, seguindo os passos de seu guru Donald Trump, ataca o método de voto impresso. Já para o Brasil, Bolsonaro move campanha para desacreditar a validade e segurança das urnas eletrônicas, sem nenhuma prova concreta de que esse sistema seja vulnerável à manipulações.
O próprio Bolsonaro foi eleito deputado federal várias vezes por votos dados por seus seguidores em urna eletrônica e, mais recentemente, se elegeu presidente da República, pelo mesmo sistema.Além disso, seus três filhos foram eleitos através de urnas eletrônicas, e não reclamaram da confiabilidade e segurança das mesmas.
Se é em função da necessidade de ter um documento impresso com os votos dados e computados, cada urna, ao final da votação, imprime um relatório com o total de votos, que fica à disposição dos partidos políticos e também é encaminhado à Justiça Eleitoral.
O que pretende, pois, Jair Messias Bolsonaro com as críticas reiteradas às ditas urnas, aliás, reconhecidas internacionalmente pela eficiência e rapidez nas votações?!
Talvez, em função dessas atitudes estranhas dele é que o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou nesta quinta-feira, por meio de nota, que “uma importante lição da história é a de que governantes democráticos desejam ordem”. E completou: “Por isso mesmo, não devem fazer acenos para desordens futuras, violência e agressão às instituições”.
Pela manhã, o presidente Jair Bolsonaro disse a apoiadores que, se não houver voto impresso em 2022, haverá cenário pior no Brasil do que a invasão do Capitólio nos Estados Unidos.
“A vida institucional não é um palanque e as pessoas devem ser responsáveis pelo que falam. Se alguma autoridade possuir qualquer elemento sério que coloque em dúvida a integridade e a segurança do processo eleitoral, tem o dever cívico e moral de apresentá-lo. Do contrário, estará apenas contribuindo para a ilegítima desestabilização das instituições”, anotou Barroso.
A manifestação de Bolsonaro também foi criticada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
No mesmo texto, o presidente do TSE afirmou que os fatos ocorridos nos Estados Unidos ontem “constituíram atos de incivilidade e de ataque às instituições”. E que “a alternância no poder é rito vital da democracia e não aceitá-la é vício dos espíritos autoritários, que não respeitam as regras do jogo”.
Barroso voltou a defender a lisura do processo eletrônico de votação brasileiro. “Jamais houve qualquer razão para supor que os resultados proclamados não corresponderam à vontade popular manifestada nas urnas. Nunca se apresentou perante o Tribunal Superior Eleitoral qualquer evidência ou mesmo indício de fraude”, escreveu.
O ministro lembrou que, na época do voto em cédula, havia fraude nas eleições no país. E que “nesse momento da vida brasileira, não é possível a implantação do voto impresso, por força de decisão do Supremo Tribunal Federal. O Tribunal concluiu que a impressão colocaria em risco o sigilo e a liberdade de voto, além de importar em um custo adicional de quase R$ 2 bilhões, sem qualquer ganho relevante para a segurança da votação”.
Barroso voltou a dizer que “as urnas eletrônicas brasileiras são auditáveis e fiscalizáveis pelos partidos políticos, pelo Ministério Público, pela Ordem dos Advogados do Brasil e por outras instituições, antes, durante e após o processo eleitoral”. Ele explicou que os equipamentos não são ligados em rede e, por isso, “são imunes a ataques hackers”.
Mais cedo, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, que também é vice-presidente do TSE, disse, também por meio de nota, que “a violência cometida contra o Congresso norte-americano deve colocar em alerta a democracia brasileira”.
Segundo Fachin, a invasão do Capitólio é a substituição da civilização pela barbárie. “A alternância de poder não pode ser motivo de rompimento, pois participa do conceito de república. Na escalada da diluição social e institucional dos dias correntes faz parte dessa estratégia minar a agenda jurídico-normativa que emerge da Constituição do Estado de Direito democrático. Intencionalmente desorienta-se pelo propósito da ruína como meta, do caos como método e do poder em si mesmo como único fim. O objetivo é produzir destroços econômicos, jurídicos e políticos por meio de arrasamento das bases da vida moral e material”, diz trecho da nota.