Acusado de propagar "fake news", José Medeiros será denunciado pelo MP de Mato Grosso

Acusado de propagar Medeiros
  Redação  O Ministério Público do Estado (MPMT) vai ingressar com uma representação contra o deputado federal José Medeiros (Podemos-MT) na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados. Medeiros teria utilizado uma manifestação do órgão ministerial para criticar a utilização da urna eletrônica em mais um episódio das famigeradas “fake news”. Na tarde desta quarta-feira (11), o MPMT divulgou uma nota criticando a utilização de uma manifestação do órgão nas eleições de dezembro de 2019 da Associação Beneficente de Saúde dos Militares de Mato Grosso (Hospital Militar). Uma denúncia que tramita sob sigilo revela que boletins falsos teriam sido produzidos para fraudar a eleição, que contou com o empréstimo de uma urna eletrônica pela Justiça Eleitoral. O MPMT, no entanto, esclarece que os autos não contêm nenhum apontamento ou queixa da urna eletrônica em si – a suposta fraude, se ocorreu, versa sobre fatos relativos ao processo eleitoral do Hospital Militar. José Medeiros, porém, teria utilizado o episódio para criticar o aparelho. Para o órgão ministerial, o parlamentar que representa Mato Grosso na Câmara, agiu de “má fé”, e utilizou um documento público de forma “criminosa” para espalhar “fake news”. “De má fé, o parlamentar mato-grossense falseia a realidade dos fatos, em mais um gesto da sua cruzada pelo retorno do voto impresso, sistema utilizado no passado com ocorrências frequentes de fraudes e manipulação de resultados, o que atentava contra a vontade soberana do eleitor brasileiro de escolher livremente seus representantes. E, mais grave ainda, utilizando criminosamente documento público do Ministério Público de Mato Grosso que trata de eleição de uma entidade associativa administradora de uma unidade hospitalar”, diz a nota. No texto, o MPMT adiantou que irá questionar a atitude do deputado federal na Comissão de Ética da Câmara junto à Procuradoria-Geral da República (PGR). “Diante do acontecido, não resta outra alternativa à Instituição senão representar contra o Deputado junto à Procuradoria-Geral da República e à Comissão de Ética da Câmara dos Deputados para a apuração dos fatos e a devida responsabilização criminal”, assevera o texto. O caminho até uma eventual condenação de José Medeiros ainda é longo – e conta, necessariamente, com os acordos políticos costurados pelos membros da Comissão de Ética da Câmara dos Deputados. Como apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Medeiros defende que as eleições do ano de 2022 sejam realizadas por meio do voto impresso. Íntegra da nota do MPMT: O Ministério Público de Mato Grosso vem a público informar e advertir que, lamentavelmente, o Exmo. Sr. Deputado Federal José Medeiros (Pode-MT), incorrendo na prática de disseminação de fake news, utilizou-se de uma manifestação da instituição em procedimento investigatório relacionado a uma eleição realizada em 06 de dezembro de 2019 pela Associação Beneficente de Saúde dos Militares de Mato Grosso (Hospital Militar), para confundir a opinião pública e fazer crer que as urnas eletrônicas utilizadas pela Justiça Eleitoral brasileira não são seguras e confiáveis. De acordo com os autos (Nº 1000130-29.2021.811.0042), que se encontram em segredo de justiça e que a pedido do MP foram declinados da Justiça Militar para a Justiça Comum, foram feitas denúncias de que boletins de urna falsos teriam sido produzidos com o objetivo de fraudar o resultado da eleição da entidade, NÃO TENDO SIDO LEVANTADA QUALQUER SUSPEITA DE PROBLEMAS NO REGULAR FUNCIONAMENTO DA URNA ELETRÔNICA CEDIDA PELA JUSTIÇA ELEITORAL E UTILIZADA NO REFERIDO PLEITO. De má fé, o parlamentar mato-grossense falseia a realidade dos fatos, em mais um gesto da sua cruzada pelo retorno do voto impresso, sistema utilizado no passado com ocorrências frequentes de fraudes e manipulação de resultados, o que atentava contra a vontade soberana do eleitor brasileiro de escolher livremente seus representantes. E, mais grave ainda, utilizando criminosamente documento público do Ministério Público de Mato Grosso que trata de eleição de uma entidade associativa administradora de uma unidade hospitalar, deixando a entender que se tratava de uma eleição parlamentar ou para cargo executivo. Diante do acontecido, não resta outra alternativa à Instituição senão representar contra o Deputado junto à Procuradoria-Geral da República e à Comissão de Ética da Câmara dos Deputados para a apuração dos fatos e a devida responsabilização criminal.