Galvan "enrola" na CPI e não mostra como foram gastos os R$ 138 milhões repassados por MT à Aprosoja

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Após o depoimento do presidente da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja-Brasil) e ex-presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Antônio Galvan, à CPI da Renúncia Fiscal e da Sonegação, a impressão que ficou é de que o ruralista tentou "enrolar" os parlamentares. Ele estava sendo aguardado nesta sexta-feira (24) para falar sobre a denúncia de uso indevido de verbas públicas destinadas à instituição, acusação feita inclusive pelo próprio filho de Antonio Galvan, Rafael Galvan, que revelou em uma rede social um suposto desvio no contrato firmado entre a Aprosoja e a advogada Paula Boaventura, que vem a ser esposa do ruralista. Quando confrontado com a denúncia, Galvan se esquivou e disse que não responderia perguntas sobre acusações feitas em conversas informais. Reservou-se o direito de ficar calado. Os parlamentares queriam saber onde e como foram aplicados esses recursos, tendo em vista que o dinheiro é de arrecadação (impostos) vinculada ao Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab), e não ficaram satisfeitos com as respostas de Galvan. Diante da omissão do depoente e falta de dados concretos, o presidente da CPI, deputado Wilson Santos (PSDB),  adiantou que a comissão vai pedir relatório de contas da Aprosoja e discutir mudanças na lei para haver mais transparência nos uso dos recursos arrecadados pelo estado. “A presença do senhor Galvan aqui não trouxe nenhum esclarecimento. Vamos aprofundar as discussões. Nós não vamos parar por aqui, nessa oitiva. Ela foi apenas o começo das investigações sobre os recursos arrecadados pelo estado”, explicou. “Ele não trouxe nenhum documento de prestação de contas dos 138 milhões recebidos durante a sua gestão. Deixou os deputados com dúvidas, e há projetos na Casa para acabar com esse fundo ou determinar a obrigatoriedade da prestação de contas deste recurso que foi criado por meio de lei. Nós temos o direito de saber informações sobre a sua destinação”, afirmou.   As investigações em curso no Supremo Tribunal Federal quanto à suspeita do uso do dinheiro da instituição para financiar atos contra a Suprema Corte realizados no 7 de Setembro, também foram alvos de questionamento por parte do deputado Carlos Avallone. “No meu entender e também há decisões jurídicas nesse sentido a Aprosoja é uma associação sem fins lucrativos, religiosos ou políticos partidários. Então essas acusações são muito sérias e confrontam sobre a finalidade da instituição, sua atuação e principalmente onde aplica seus recursos”, defendeu Avallone. Sem documentos em mãos para comprovar a destinação exata dos recursos que a entidade recebe da esfera pública, Galvan se limitou a dizer que o dinheiro é em quantia menor que está sendo ventilado. “Todo investimento é acompanhado pelos associados que também participam da prestação de contas. Inclusive, toda diretoria trabalha de forma voluntária, nós não recebemos para isso”, alegou. Disse ainda que em sua gestão cortou gastos considerados "mordômicos" por ele, e que teria economizado, com essa medida, R$ 8 milhões. “Vamos encaminhar pedidos para apresentação de documento aos órgãos para entender melhor essa parceria e a destinação dos recursos”, afirmou o presidente da CPI. Wilson antos também adiantou que vai pedir a prorrogação dos trabalhos da comissão, que devem se estender para o próximo ano. Também participaram da reunião os deputados Valmir Moretto (Republicanos) e Ondanir Bortolini, o Nininho (PSD) e Gilberto Catani (PSL).